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Imagem: Isabella Formiga / G1 |
Sentado na cadeira com um capacete acoplado à cabeça e um laptop no colo, o estudante Gabriel Teixeira, de 10 anos, já é experiente em demonstrar como funciona o protótipo. Ele explica que com um meio sorriso à esquerda ou à direita, é possível indicar para qual direção a cadeira deve se virar. Para se mover para a frente, basta levantar as sobrancelhas.
A cadeira, que custa R$ 7 mil, foi emprestada para o projeto. O restante do equipamento custou R$ 300, pagos pelo professor Marcelo Almeida, da Escola Classe 25, que liderou o projeto. O veículo se move a até 7 km por hora e tem uma bateria recarregável para 30 horas de uso.
"O projeto atenderia qualquer pessoa que só pudesse mexer do pescoço para cima e nem pudesse mexer no joystick", disse o professor. "Qualquer movimento muscular é suficiente para movimentar o sistema. Até da língua."
Formado em pedagogia na Universidade de Brasília (UnB) e especialista em eletrotécnica, Almeida dá aulas de matemática, ciência e português para alunos do 5º ano. Ele diz que sempre foi apaixonado por tecnologia e que antes de partir para a construção do protótipo com as crianças, incluiu nas aulas princípios de robótica, eletrônica e inglês técnico.
"Os alunos aprenderam sobre o funcionamento de fios, circuitos e baterias", disse. "É um projeto riquíssimo de ciência pura. Foi gradativo, mas eles conseguiram captar."
A estudante Ellen Antunes, de 10 anos, sabe explicar o que é cada peça do protótipo e como cada uma funciona.
"Esse é um aparelho que se chama interface-cérebro-computador", diz a menina, sobre o capacete na cabeça do colega. "Ele contém 18 eletrodos que captam sinais elétricos das expressões faciais e mandam mensagens via bluetooth para o software."
Segundo o professor, o capacete funciona como um eletroencefalograma. "Os eletrodos captam as sinapses mais elétricas, tanto do cérebro como mecânicas", diz.
Almeida explica que o software recebe a mensagem e manda para uma placa microcontroladora, chamada arduíno. O pequeno equipamento é responsável por decodificar os sinais e enviar ordens para o motor, como a quantidade de graus necessárias para a roda virar à direita ou à esquerda.
Segundo o professor, o equipamento pode ser 'treinado' para obedecer a quaisquer movimentos faciais. "Se quiser piscar o olho e treinar para a frente, ele treina", disse.
Almeida diz que o próximo passo do projeto é desenvolver um braço robótico seguindo o mesmo princípio de movimentos faciais. "Vamos colocar sensores na cadeira para identificar obstáculos à frente. Com o braço robótico a pessoa vai poder se alimentar, pegar objetos, e fazer coisas para ficar um pouco mais independente e ter mais autoestima", disse.
No mês passado, os estudantes e o professor levaram a cadeira para uma solenidade na Câmara Legislativa do Distrito Federal em comemoração à Semana da Ciência e Tecnologia.
Isabella Formiga
G1