Imagine aproveitar os drinques na festa de Natal sem correr o risco de ter ressaca no dia
seguinte, ou ter acesso a um antidoto que permitiria você dirigir
até em casa em segurança. Parece ficção científica, mas
esses desejos estão no conhecimento da neurociência moderna. Após
algumas horas de embriaguez, o pesquisador David Nutt experimentou um
antídoto e conseguiu se recuperar em alguns minutos para dar
uma palestra. As informações são do jornal Huffington Post.
O álcool é uma das drogas mais
antigas e perigosas, responsável por 2,5 milhões de mortes ao redor
do mundo, mais do que a malária ou Aids. As razões para isso são
conhecidas: o álcool é tóxico para todos os sistemas do corpo,
particularmente, para o fígado, coração e cérebro. A bebida deixa
as pessoas mais desinibidas, provoca atitudes violentas e também
pode causar dependência, cerca de 10% das pessoas ficam viciadas.
Se o álcool fosse descoberto hoje,
jamais seria vendido, de tão tóxico que é. A única forma de diminuir os danos da bebida é
limitar o consumo, aumentando preços e diminuindo a disponibilidade.
A outra saída é criar uma versão mais segura das bebidas
alcoólicas.
O grande alvo do álcool no cérebro são
os neurotransmissores do sistema Gaba, que geram sensação de relaxamento. No entanto, existe uma
parte do Gaba que pode ser afetada por algumas drogas. Na teoria,
podemos fazer um álcool substituto que faça as pessoas se sentirem
relaxadas e sociáveis e remova os efeitos indesejados, como agressão
e dependência.
Cinco combinações foram identificadas
e agora é preciso testá-las para descobrir se as pessoas acham os
efeitos tão agradáveis quanto os provocados pelo álcool. O desafio
é preparar um novo drinque que fique com boa aparência e sabor. A
vantagem dessa descoberta científica é que se é possível usar
componentes para mexer com o sistema Gaba e produzir relaxamento na
pessoa, depois será possível produzir outras drogas que funcionem
como antídoto.
"Depois de experimentar um dos
compostos, fiquei relaxado e sonolento, embriagado por uma hora ou
mais. Em seguida, após tomar o antídoto, levei alguns minutos para
me recuperar e dar uma palestra sem qualquer prejuízo", contou
Nutt. É preciso angariar financiamento para testar o produto e
colocá-lo no mercado. Alguns contatos dentro da indústria do álcool
sugeriram que as empresas estão interessadas, segundo ele.
Terra
Editado por Gazeta Social